O pobre do Sumol é um dos
actuais alvos da aterradora máquina fiscal. Essa refrescante bebida de laranja,
com bolhinhas, que nos alivia o calor no pingo do verão, tomada na sombra
daquela fabulosa esplanada junto ao rio, afinal é um vilão cheio de sacarose
para nos envenenar os tecidos. Parece que o gangue
dos refrigerantes se juntou para
assaltar a nossa preciosa saúde.
Vai daí, o justiceiro do bem estar, pegou nas suas armas fiscais e
tratou de disparar taxas sobre as frescas coca-colas, as apetecíveis 7-ups, os
espalhafatosos Ice teas, os lusitanos frisumos.
O açúcar faz mal aos dentes e à diabetes e parece que essas bebidas têm
carradas dele. Tomem lá
impostos para cima que é p’ra aprenderem a ser saudáveis. Assim, as pessoas já
não consumirão essas maléficas bebidas açucaradas e virar-se-ão para os batidos de beterraba, rúcula e cenoura
, se possível biológicos.
Fico contente por, os órgãos
decisores tributários, pensarem de forma
tão afectiva e preocupada no nosso bem estar.
Esta decisão vem na sequência dos quase imperceptíveis aumentos de
impostos no global plano de profilaxia da saúde dos portugueses. A gasolina é a
mais cara da europa, porquê? Porque os impostos colocados no combustível são
também os maiores da europa, a bem da saúde geral. O Portuga andará menos de
carro, logo fará mais atividade física, logo ficará mais saudável. Mas eu trabalho a 80 km de casa!?...logo ficará
ainda com mais saúde, podendo dedicar-se ao ciclismo de longa distância. Se não
tem bicicleta, burro ou uma motoreta movida a painéis solares, pode ir de
carro, sabendo que não lhe sobrará muito dinheiro para gastar em bebidas
açucaradas e continuará cheio de saúde. Mas espera aí, a beterraba e aquela
erva, a rúcula, também estão pela hora
da morte…?...
No meio da discussão dos impostos sobre os
refrigerantes e da saúde pública, apareceu a notícia (um pouco menos relevante)
da substituição da procuradora geral da república Joana Marques Vidal. Parece
que ela estaria a “Tratar da Saúde” de algumas deprimentes e corruptas
personagens deste país, até então
intocáveis, e foi aí que o equívoco surgiu: “Tratar da saúde dos bandidos? Temos
é de tratar da saúde dos portugueses, pá! Ainda ontem estive com o meu Rafael 5
horas à espera na urgência do hospital STª Maria! Uma vergonha! Deixem lá esses malandros e
pensem nos mais desfavorecidos, caneco!”.
Quando alguém quis explicar que “Tratar da saúde” pode apresentar-se
como uma forma de expressão idiomática podendo significar “Tratar de meter na
choldra a bandidagem”, do outro lado, confundiu-se
com o “Tratar da saúde do doente com amigdalite, no consultório médico”.
Mudou-se a Procuradora e o tal do Juiz Carlos Alexandre, este último, uma espécie de força especial no tratamento
da saúde da apavorada bandidagem.
Parece assim, que a bandidagem agora, possa tratar da sua saúde à
vontade (sem expressão idiomática) e continuar a tratar da saúde dos
portugueses (de forma violentamente idiomática) se possível com a falência de
mais uns quantos bancos e o aluguer de casas em Paris, com dinheiros
provenientes da saúde de outros. É que
os marqueses do processo são muitos, e parecem ter uma saúde férrea. Sinto que a minha saúde está bem entregue, ou antes,
tratada, pelo outro juiz eleito por
sorteio informático à 3ª tentativa (problemas de saúde do computador?), que
parece ter o historial e as ferramentas necessárias para tratar da saúde
(idiomática) dos dossiers mais complexos e remetê-los para a reciclagem dos resíduos
“hospitalares Judiciais”.
Uma coisa é certa, enquanto assisto a esta
preocupação comovente com a nossa saúde colectiva, vou ali beber um sumol
fresquinho, que não há maneira de baixarem
as temperaturas, e assim, no caso de me tratarem de vez da saúde, não correrei
o risco de estar a digerir um saudável sumo
de beterraba com rúcula.
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