
Venho assumir aqui que pertenço ao restrito lote de ovelhas
tresmalhadas que oferece resistência à toma da vacina anti-covid.
Eu sei que a maioria dos leitores se insurgirá de forma veemente contra
por esta abominável falta de civismo. A Task Force com toda a sua bélica
eficácia já previa que existiriam alguns dissidentes deste espírito de grupo da
aceitação sem questionar a pica no bracinho em prol do bem comum. Não foi em
vão que foi escolhido o Vice-Almirante para colocar o tal líquido milagroso no
músculo da grande maioria da população. Habituado aos cenários de guerra, vestiu
o camuflado para combater condignamente essa luta contra o vírus, que serve
simultaneamente para não o conseguirem reconhecer misturado na folhagem do
olival de Serpa na hora da multidão lhe pedir um autógrafo. Para terminar ou agudizar este estado de
indignação dos meus amigos, colegas e transeuntes, quando ficam a saber que não
tomei a vacina, vou tentar sistematizar a imagem que me vem à cabeça nestes
momentos: A prancha de 10 metros da minha piscina de juventude. A memória do
miúdo a subir a medo a longa escadaria, espreitar a medo pelo bordo da prancha a
água lá em baixo e aquelas mãos do grandalhão atrás dele a empurrarem as suas
costas em direção à água…para ele perder o medo!? Foram estas mãos que me
começaram a incomodar, na hora em que eu estava ainda a tentar recolher
informações de outras fontes esquisitas, que não as do mainstream. Toda a malta subiu freneticamente a escada
em fuga do malfeitor e sem mais demoras fez o que pareceu mais correto:
lançou-se à água sem mariquices. Os chatos ficaram para trás, em busca de verem
respondidas algumas perguntas como: a água está quentinha ou fria? Se cair com
as pernas um pouco afastadas o que acontecerá ao meu aparelho reprodutor? O que
é aquele verdete agarrado à margem e as larvas a boiar ali no meio? Posso olhar
para trás para ver se o malfeitor vem mesmo a subir as escadas? O chato é questionador
por natureza. Não acha piada ao camuflado do Vice-almirante e questiona porque
raio está assim vestido numa visita a um bairro de pescadores de Peniche;
pergunta porque é que todas as televisões, dão todos os dias, desde há um ano e
meio, as infeções por covid e não as mortes por enfartes ou cancro; questiona a
invenção meteórica da vacina e o enriquecimento meteórico dos laboratórios farmacêuticos; não percebe bem a
enternecedora frase “os benefícios
suplantam os riscos” ; pergunta porque
raio a vacina anti-covid não evita voltar a apanhar o covid sem o “anti” e transmiti-lo de novo ao coletivo imunizado; questiona
a pressa com que o querem empurrar da prancha sem ver respondidas algumas das
suas questões.
O chato
recebe uma chamada da senhora do SNS a perguntar porque é que respondeu
negativamente à mensagem da toma da vacina. Minha senhora, mas o chato aqui sou
eu! Sou eu que questiono. Já agora pode-me informar porque é que a senhora
tomou a vacina? Aproveito e tenho aqui mais umas duvidazinhas que gostaria que
me esclarecesse, podemos começar por aquela do camuflado…..
Um amigo dizia-me no outro dia que era a favor da
liberdade de escolha individual, mas defendia que quem não quisesse tomar a
vacina, caso ficasse infetado, deveria pagar os custos do seu eventual
internamento. Tem olho para a resolução do problema de financiamento do SNS. Poderia
ter alargado a abrangência da medida e acabava com as despesas de internamento de toda a malta que toma opções duvidosas: do obeso por ter comido fast
food em barda, do fumador por não ter ligado às imagens dos maços de tabaco, do
velejador por não ter tido cuidado com o sol, do apreciador de gin por ter mergulhado de cabeça no
vodka, do ginasta por ter dado um salto mortal a mais no elemento gímnico.
Poderíamos assim canalizar os impostos afetos a essas despesas indevidas, para aquisição de mais vacinas e testes
anti-covid, em prol do bem comum.
Um estudo revelava hoje que Portugal é o país da
união europeia onde a população
tem mais confiança nas vacinas contra a Covid-19 , com 95% dos inquiridos a considerarem
as vacinas seguras. E os portugueses são também a população que mais suspeita que
as vacinas contra a Covid-19 poderão ter efeitos a longo prazo, perfazendo um
total de 77%....????... Somos claramente um povo que vive o hoje e que
se lixe o amanhã. Hoje sinto que é seguríssimo mandar 8 shots de seguida aqui
no bucho! Amanhã a ressaca? Logo se vê...mas penso que não augura nada de bom.
Eu ainda
estou no grupo dos 5% de chatos tresmalhados. Provavelmente poderei mudar de
opinião, como fui mudando ao longo de toda esta pandemia. Só não consigo pensar
bem com estas mãos coletivas a pressionarem a minha omoplata rumo ao plano de
água lá em baixo, enquanto decido se o que vejo a boiar é uma larva, uma
cagadela de pássaro ou um nenúfar. Quanto ao miúdo da prancha de 10 metros,
depois de ter mandado uma dolorosa chapa de costas naquela empedernida água e de
ter sentido os rins a sair pelo intestino, olhou para cima, com a larva ainda enfiada entre os dentes e, na
ponta da prancha espreitava o tipo que o empurrou, a gritar: É pró teu bem, miúdo!