domingo, 13 de março de 2011

Para quando um Taser de efeito prolongado?

As imagens do presidiário a levar com uma descarga eléctrica no lombo, horrorizou meio país. Coitado do moço, estava de costas para os guardas, e estes, à socapa, mandaram-lhe com um choque que o fez estrebuchar de dor. Isto nem na cadeia de Guantanamo, grandes malandros! Parece que o rapaz apenas se divertia a fazer pinturas rupestres com fezes nas paredes da cela. O que é que queriam? O tipo não tinha guaches, marcadores ou lápis de cera, teve de utilizar o material que estava mais à mão. Depois, ficou revoltado quando os guardas quiseram exterminar a sua obra, com recurso ao Sonasol e decidiu atirar uns pratos aos repressores da sua arte. Pensando bem, até poderia ser a forma que encontrou para fazer alguma actividade física, num exercício de arremesso activo. É que a vida sedentária numa exígua cela, pode ser causadora de obesidade e doenças cardiovasculares. Os guardas começaram a ficar um pouco cansados de tanta actividade…artística, mas sobretudo de levar com tanto prato pela testa e cócó nas narinas, que trataram de resolver o problema pela raiz; o cócó não pode ser arremessado se a produção for interrompida. Então, o grupo de intervenção policial entrou na cela e disparou a pistola Taser, que lança uns eléctrodos que conseguem imobilizar directamente o produtor das fezes. Foi o choque geral com o choque dado ao prisioneiro. Parece que a arma manda umas centenas de volts ao corpanzil da vítima, deixando-a sem reacção. Tenho dificuldade em quantificar a magnitude da voltagem que sinto no corpo sempre que oiço o “Engenheiro” Sócrates dizer, que se não fosse ele, o país estaria como a Líbia, mas sem o petróleo. Também eu sinto um certo desfalecimento e ainda não vi ninguém chocado com os choques que levo todos os dias no dorso, com a agravante de nunca ter espalhado sequer uma dedada de fezes na parede do quarto. Ainda ontem me contorci de dor ao ouvir o presidente do Supremo Tribunal de Justiça insistir na "destruição imediata" das escutas telefónicas do processo Face Oculta que envolvem o primeiro-ministro. Apesar de existirem escutas incriminatórias, há que destruí-las para que o “Engenheiro” nos possa dizer que nos salvou de ser uma nova Líbia, mas sem o petróleo. Ao menos o prisioneiro ainda se pode divertir a arremessar com os pratos ou a caca à cabeça dos agressores. O que me apetecia pegar em pratos sempre que levo eléctrodos lançados pelo sorriso da Ministra da Educação falando nas virtudes do ensino de sucesso em Portugal. Um choque dado pelo disparo do “Taser” não tem o efeito prolongado da azia que nos acompanha desde há alguns anos. Deve ser desconfortável durante uns segundos, mas nos segundos seguintes já se pode voltar a dar largas à veia rupestre. E é nisso que peca o Taser. Bom, bom, seria terem inventado um Taser com efeito de imobilização por tempo (in)determinado. Quantos pais de filhos adolescentes, não desejaram já imobilizar o rebento durante a “idade do armário” e só o reanimar durante a fase adulta? Que aliviador seria, lançar os eléctrodos em direcção aos personagens que nos governam e deixá-los ali, sem acção, até…aparecer alguém competente. Certamente estaríamos a salvo de mais borradas feitas nas paredes do nosso quotidiano. Parece que a medida foi aplicada na Bélgica e descobriu-se que o país funciona melhor com o governo…imobilizado.

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