quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

E Alcanena aqui tão perto…


Há muito que precisava de um bom motivo para deixar de ir à piscina. Todos os ortopedistas, reumatologistas e outros “gistas” do género, aconselham que o acto da submersão faz bem à saúde; que tira as dores nas costas; que as articulações funcionam melhor; que faz bem à depressão; que tira os germens da pele; que combate a osteoporose; que até deixa os dentes mais brancos. Sempre questionei essa teoria, por achar estranho que uma actividade tão chata, possa fazer tão bem. Tentando pôr de lado o cepticismo, continuei a submeter-me, dia após dia, a essa penitência aquática da contagem de azulejo. Finalmente, alguém se lembrou de mim e facultou-me o empurrão que me faltava para me afastar do líquido de uma vez por todas. Fui carregar o cartão das entradas e a senhora do balcão disse-me, um pouco a medo, que agora eu tinha de pagar mais uma taxa de inscrição anual de 9 euros no caso de querer comprar mais do que uma entrada. De princípio fiquei baralhado. Em qualquer loja, quando um tipo quer mais quantidade, tem maior desconto(?). Aqui não. Uma entrada não paga taxa; muitas entradas já pagam taxa. Estava eu a ver se percebia esta mirabolante teoria comercial com um pensamento do tipo “mas,…mas,…mas…” quando a senhora simpática me disse que agora, como era uma empresa municipal uma tal de “Turriespaços” que geria os espaços desportivos, as regras tinham mudado e venha de lá a tal taxa. Aliás, existe coerência nisto; a taxa faz parte do código deontológico de qualquer empresa municipal . Ainda me lembro a cara que fiz e o vernáculo que utilizei quando vi a magnitude de imposto anual que tinha de pagar pela minha casa. Perante a expressão de admiração e alguma azia, a senhora do balcão remeteu-me para o responsável das piscinas e eu lá fui falar com ele, aliás, congratulá-lo porque me tinham mostrado finalmente a luz, a luz do “não, não quero mais disto!”. Explicou-me que aquela taxa, representa um seguro para os utilizadores frequentes e é obrigatória. Descobri que não quero ser utilizador frequente, apesar dos médicos dizerem que um tipo deve utilizar frequentemente a piscina. O pagamento de taxas não pode fazer bem à saúde, principalmente quando a taxa não é sobre coisas agradáveis de se fazer. Uma taxa sobre o arroz de cabidela faria mais algum nexo. Agora, uma taxa sobre algo, já de si, tão penalizador, isso é demais. A partir de agora quero ser apenas frequentador não frequente; ou antes, o menos frequente possível. Agradeço desde já à empresa municipal por ter tornado possível o fim do meu castigo enquanto frequentador assíduo da piscina. Parece que esta é a tal empresa que irá receber da câmara municipal a quantia de 1 milhão e 600 mil euros para fazer face às despesas deste ano. O incremento de um irrisório milhão comparativamente à despesa do ano anterior. Faz todo o nexo, a empresa recebe mais um milhão e pede mais uma taxa ao utilizador. É dinheirinho bem gasto, sim senhor! Tudo o que sirva para evitar que eu tenha de calçar o chinelinho de dedo, enfiar a touca na cabeça e engolir pirulitos, é bem vindo. Chega mesmo a ser consolador saber como a Câmara Municipal estoira o IMI da minha casa, o imposto do meu carro e ainda me consegue pedir mais uma taxa para eu ficar seguro. Seguro de quê? Das taxas surpresa…
Mas agora fiquei lixado, porque me disseram que nas piscinas em Alcanena só cobram 10,54 euros mensais para utilizar o líquido sempre que se quiser. Nem uma taxazita extra por ser utilizador frequente? Nem limite de tempo? Então e os custos de manutenção, do pessoal, do aquecimento da água? Quando acalentava a esperança de largar o líquido de vez, vêm-me estes tipos dizer que eu até posso ser frequentador assíduo. Os 18 euros que pagaria por 10 entradas ou 40 euros por 30 entradas em Torres Novas, mais os 9 euros de taxa é que são valores compatíveis com o abandono por justa causa. Agora 10,54 euros por 30 dias de utilização, isso não se faz….já não tenho desculpa. Não sei o que passa na cabeça dos responsáveis da CM de Alcanena. Essa bizarrice de colocar os espaços desportivos ao serviço da população a preços convidativos. Atendendo às filas intermináveis para se poder utilizar a piscina, dever-se-ia adoptar uma estratégia de selecção, do tipo inventar taxas para segurar qualquer coisa. Esta é a mesma Câmara onde as pessoas podem, vejam bem, utilizar a pista de tartan sempre que quiserem, sem pagar uma taxazita. São os mesmos que criaram, há uns anos, aulas gratuitas de ginástica para idosos. Os tais que não destruíram a piscina de verão, para que a rapaziada continue a escapar, para lá se divertir quando faz calor.
Resignado, entregue ao infortúnio, vou ter de voltar a fazer o saco, com o chinelinho e todo o material necessário à penitência, e rumar contrariado para colocar as ventas no líquido, nas piscinas de Alcanena…

Um comentário:

Anônimo disse...

Alcanena não tem só coisas más!