sábado, 26 de maio de 2007

E por falar em gases...



Alegrem-se torrejanos! Daqui a uns séculos, a vossa casa construída no meio do olival vai beneficiar de uma esplêndida e inesperada vista para o mar. Acabar-se-ão as longas horas de abarrotamento do automóvel com tralha para os 15 dias de férias na praia do Pedrogão , isto porque, segundo previsões fidedignas transmitidas pela revista Visão, “o mar vai engolir Portugal”. Em boa verdade o mar vai engolir o actual litoral. A malta do interior é que vai gozar à fartazana. Podemos andar de chinelos de dedo durante todo o ano, os mini-mercados aumentarão os preços dos produtos para o dobro no verão, os estrangeiros invadirão a nossa Albergaria, a venda de protectores solares nas farmácias subirá em flecha, espalhar-se-ão vendedores de pulseiras e pintores de retratos na rua da Levada. É certo que também acabarão pequenos devaneios turísticos como visitas à baía de Cascais, compras na rua Augusta, ingestão de pastéis de Belém, doces de ovos de Aveiro, sardinhas em Portimão ou francesinhas na ribeira, tudo porque estes locais ficarão transformados numa espécie de Atlântida submergida no oceano. Em contrapartida Beja passar-se-á a chamar Malibu Alentejana, Coimbra será baptizada com o título de Côte Azur de Capa e Batina e Setúbal converter-se-á numa espécie de Porto Santo continental. Não me agrada o panorama...
As causas para esta transformação de Torres Novas em colónia balnear estão nos gases; no efeito de estufa; nos americanos; no George Bush e fundamentalmente na Coca-Cola (?).Mas vamos por partes. É tudo uma questão de gaseificação. Existe uma excessiva emissão de gases industriais e urbanos para a atmosfera o que leva ao sobreaquecimento do planeta com consequente descongelamento do gelo polar e aumento da água nos oceanos. Por seu turno, milhares de americanos consumiram demasiada Coca-cola levando a que existisse uma sobreprodução de gases ao nível intestinal e intelectual levando-os a elegerem um bronco para seu presidente que por sua vez se está marimbando para os gases na atmosfera porque na sua cabeça o espaço reservado à massa encefálica está condicionado pela existência de uma imensa nuvem de gases. Agora que já cumpri um desejo de escrever um parágrafo à imagem de Saramago, vou explicar mais pausadamente. O bronco do Bush, presidente do país responsável pela produção de 25% dos gases malignos, ignorou o protocolo de Quioto que previa a redução da emissão de gases a nível global em 5,2%. O parceiro do jogo que mandou mais cascas de tremoços para o chão foi um dos poucos que se recusou a deitá-las no caixote do lixo. Isto porque Bush contestou as provas apresentadas sobre os malefícios do Dióxido de Carbono na atmosfera. O homem até conseguiu fazer uma associação. Mas que mal poderia fazer o CO2 à atmosfera se a Coca-Cola, refrigerante mais vendido no mundo inteiro, tem na sua composição esse gás? Então, ora bem... se as pessoas gostam de Coca-cola, também gostam de CO2, como tal, não vale a pena reduzir da atmosfera um gás que as pessoas consomem voluntariamente e ainda pagam para o ter. Pensamento de mestre. O mundo agradecerá o desaparecimento maciço de cidades e países, os verões tropicais de 45 graus à sombra, o uso generalizado de máscaras que evitem bronquites asmáticas, a redução de reservas de água doce e tudo isto em troca... dos gases da Coca-cola. O que me deixa louco é o facto de nada podermos fazer para alterar alguma coisa que seja, porque quem manda é o bronco. Alguma coisa poderemos fazer, nem que seja chamar-lhe um nome feio, ou atribuir-lhe uma alcunha...isso,... uma alcunha bem depreciativa. Ao menos ficaremos com um certo alívio. E vendo bem as coisas, se na escola colegas se alcunham por muito menos : pudim flan por ser gordo, palito por ser magro, dentuças por proeminência dental exagerada, chegou a altura de alcunharmos alguém que realmente merece. Lembrei-me de utilizar o nome dos gases que poluem a atmosfera: não ficaria mal um George Óxido Nitroso ou Clorofuorcarboneto Bush, mas pensei melhor e cheguei à conclusão que seria mais adequado usar um dos ingredientes da Coca-cola. Entre o corante, o caramelo, os acidificantes, os edulcorantes e a cafeína, encontrei designações que apesar de aparentemente menos sonantes seriam muito bem empregues como alcunhas: os “És” seguidos de três números. Os “És” poderiam abarcar várias alcunhas numa só. O “E” representaria a característica, e o número a magnitude da característica. Por exemplo o E-338 poderia significar “- Este gajo é 338 vezes estúpido”. Para o “E” poderíamos enumerar adjectivos como Energúmeno, Esbofeteador, Errante, Estroina, Epidémico, Estrumeiro, Estrupício, Enxavido, Estupor, todos eles bem contundentes e provavelmente exagerados. Mas é isso que me está a apetecer: alcunhar exageradamente. E para ser mais exagerado, optei pela Coca-cola Light que tem mais e maiores “És”. Portanto senhor George E-952 Bush, não se esqueça de colocar no rótulo das garrafas de Coca-cola o aviso : “Os gases desta bebida prejudicam gravemente a saúde”.

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